A batalha pela nomeação democrata

REUTERS/MIKE BLAKE
Por Francisco Peixeiro
Com o aproximar das eleições americanas para a nomeação no partido democrata, algo é inevitável de notar, atualmente não há nenhum claro vencedor. Apesar de Joe Biden apresentar uma maioria significativa em comparação aos seus adversários, mais uma vez, o que realmente importa é que candidato consiga alcançar a quantidade necessária de delegados para este ser eleito candidato do partido na corrida á Casa Branca.
Tal como o processo de eleger um presidente e entender o colégio eleitoral, o processo de eleger um candidato democrata ainda é mais confuso e complexo, embora com algumas semelhanças. Tal como no colégio eleitoral, não importa o candidato que obtém mais votos, mas sim o candidato com mais delegados. No partido democrata existem delegados filiados e "super delegados", ambos estão dividos pelos cinquenta Estados, estes são distribuídos tendo em conta a percentagem que cada candidato adquiriu.
Por exemplo, pegando no exemplo do Estado de Alabama na eleição de 2016, Hillary Clinton adquiriu 309,928 votos (77.8%) e Bernie Sanders 76,399 votos (19.2%), ou seja, como o Estado possuía 53 delegados filiados, e 7 "super delegados", Clinton adquiriu 44 e Sanders 9 dos 53 delegados filiados, e todo os 7 votaram em Clinton. Também é importante realçar que os "super delegados", ao contrário dos outros, não são obrigados a votar no candidato vencedor, significa que, o único critério é meramente a preferência, tal como podemos constatar no exemplo mencionado anteriormente. (CNN, 2016)
Quem são estes "super delegados"? Neste grupo de mais de 500 figuras estão incluídos: Congressistas, Senadores, Governadores, antigos Presidentes e líderes partidários nacionais e regionais. Estes não são influenciados pela contagem dos votos. (BALLOTPEDIA, 2016)
No entanto, como gerou bastante polémica na corrida de 2016 devido a Clinton ter adquirido a maioria do apoio deste tipo de delegados e os apoiantes e militantes do partido determinaram que este processo não era democrático. Este método foi então já devidamente alterado e, atualmente, numa primeira volta só os votos dos delegados filiados são contados. Porém, se não houver nenhum vencedor com uma maioria os "super delegados" terão o poder de decidir quem é o candidato democrata numa segunda volta, até se ter finalmente alcançado uma maioria.
Agora com o processo conhecido da eleição, voltemos à corrida de 2020. Apesar de ainda estarem a lutar pela nomeação 15 candidatos, com a saída da promissora senadora Kamala Harris, vista por muitos como uma favorita na corrida, agora o primeiro lugar está centralizado e a ser disputado por: Joe Biden, antigo vice-presidente dos E.U.A.; Elizabeth Warren, Senadora de Massachusetts; Bernie Sanders, Senador de Vermont; Pete Buttigieg, Presidente da Câmara de South Bend, Indiana; e, finalmente, por Michael Bloomberg, milionário e empresário. De acordo com as sondagens nacionais, e a nível estatal, estes são os principais candidatos e aqueles com uma real hipótese de ganharem. (Real Clear Politics, 2019)
Algo é certo, não é possível determinar quem será o vencedor, tal como ocorreu na corrida de 2016 no partido democrata, só com uma corrida a ser disputada entre 3 ou menos candidatos e, após o eleitorado se dividir pelos membros restantes, só depois é que será possível identificar o futuro candidato e o favorito do partido. É importante notar que o eleitorado de Biden, Buttigieg e de Bloomberg são muito semelhantes, visto que estes candidatos e as suas propostas são mais moderadas que as de Sanders e Warren. É possível distinguir dois grupos dentro do partido e, neste momento o partido não sabe para qual se deve inclinar e apoiar, muito devido a enfrentarem um oponente pouco ortodoxo como Donald Trump, onde maior parte dos eleitores dizem que a elegibilidade é o fator mais importante em 2020. A verdade é que o candidato, ou candidatos, que enfrentarem Trump provavelmente estão entre estes nomes. Joe Biden já admitiu que irá considerar Kamala Harris como sua vice-presidente caso ganhe a nomeação. (Mucha, 2019)
Por fim, o sentimento que todos os democratas expressam e que o partido e os seus candidatos não parecem estar a "ouvir" é um espirito de unidade e de coligação, pois só assim, independentemente de quem seja o candidato, é que o partido democrata conseguirá derrotar Trump, em todos os Estados que são relevantes para o número "especial" de 270 votos no colégio eleitoral.
Referências:
(2019). Democratic delegate rules, 2020. BALLOTPEDIA.
Obtido de https://ballotpedia.org/Democratic_delegate_rules,_2020
(2016). cnn delegate estimate. CNN US Politics.
Obtido de https://edition.cnn.com/election/2016/primaries/parties/democrat
(2019). 2020 Democratic Presidential Nomination. Real Clear Politics.
Mucha, S. (2019). Joe Biden: 'Of course' I would consider Kamala Harris as VP pick. CNN politics.
Obtido de https://edition.cnn.com/2019/12/04/politics/joe-biden-kamala-harris-vp-pick/index.html