A maior crise socioeconómica da América Latina dos últimos anos

Por José Miranda
Atualmente a Venezuela sofre uma crise que piora a cada dia que passa. O estado do país encontra-se degradado, enfrentando uma crise política e social que vai contra os abusos de poder cometidos pelo presidente Nicolás Maduro.
Esta crise e revolução para muitos teve origem no governo de Hugo Chávez que deixou uma grande marca de Chavismo (nome dado à ideologia de esquerda política baseadas nas ideias, programas e estilo de governo associados a Hugo Chávez, que durou desde 1999 a 2013) na Historia venezuelana.
A margem que lhe deu a presidência foi curta e desde logo começou a contestação da oposição, que acusava os partidos de Chávez e Maduro de destruir o país a nível económico e de ignorar as altas taxas de criminalidade.
Atualmente, a crise na Venezuela teve como base a queda do Produto interno bruto (PIB) nacional e per capita entre 2015 e 2018, na qual o PPC (paridade do poder de compra ) também sofreu muita decadência. É a pior crise econômica da história da Venezuela e também da América Latina.
Durante o ano de 2016, por exemplo, a inflação foi de 80% e a economia contraiu-se em 18,6%, os preços aumentaram tanto que um frango vale cerca de 1.200 bolívares soberanos. Uma pesquisa indicou que cerca de 89% da população tinha perdido uma média de pelo menos 11 kg devido à falta de alimentação adequada. A taxa de homicídios em 2015 foi de 90 por 100.000 habitantes, segundo o Observatório Venezuelano de Violência.
A crise só se intensificou no governo de Maduro pela queda dos preços do petróleo no começo de 2015, em que a oposição consegue a maioria no parlamento, confirmando a inversão na popularidade do partido de Maduro (o PSUV). Porém, o presidente da Venezuela tem conseguido invalidar o poder da Assembleia com sucessivos decretos que lhe permitem governar o país, desde janeiro de 2016, devido ao "estado de emergência" do país.
Em março de 2016 deu-se a última "gota de água". O Supremo Tribunal (afeto ao governo) retirou o poder da Assembleia. Os protestos subiram de tom e, mesmo com a reversão da decisão dias depois, não pararam até á atualidade.
O país que já foi o "El Dorado", aquele que tem as maiores reservas de petróleo do mundo, não consegue alimentar os seus cidadãos. A crise na venda de petróleo deixou a Venezuela sem as receitas de outros tempos para as importações e garantia de serviços básicos.
A crise levou ao encerramento de empresas e a deterioração da produtividade e da competitividade das mesmas.Estes acontecimentos conduziram à escassez de produtos básicos,como medicamentos, alimentos e papel higiênico que não são encontrados facilmente nos supermercados, e quando são os seus preços encontram-se inflacionados.
Muitas mães viram-se obrigadas a entregar os seus filhos às autoridades por não terem condições de os sustentar, e muitas famílias têm sido obrigadas a comprar carne estragada, pois é a única a que têm acesso.
De acordo com um estudo publicado em 2018 por três universidades venezuelanas, quase 90% dos venezuelanos agora vivem na pobreza, existindo uma grande desigualdade social em comparação com os outros 10%.
Como resultado da crise, a Venezuela registou a maior taxa de desemprego da sua história, devido à inflação e expropriação de empresas privadas por parte do governo. Em 2016 o desemprego atingiu em média 18% da população, sendo considerada a economia mais miserável do mundo por dois anos consecutivos.
Milhões de venezuelanos viram-se obrigados a emigrar, em contraste com a alta taxa de imigração durante o século 20. A emigração tem sido motivada pelo colapso económico, pela expansão do controlo do estado sobre a economia, alta criminalidade, inflação, insegurança e a falta de esperança de uma futura mudança no governo. Estima-se que entre 1999 a 2014, mais de 1,5 milhão de pessoas emigraram da Venezuela, sendo que, em 2015 foram cerca de 1,8 milhões. Em média, na primeira parte de 2018, cerca de 5000 pessoas emigravam diariamente.
Na eleição presidencial de maio de 2018 Maduro foi reeleito, mas o processo eleitoral foi acusado de várias irregularidades sociais, tendo por isso tomado posse a 10 de janeiro de 2019.
A Venezuela vive uma crise socioeconómica grave que se intensificou com a subida de Maduro à presidência, havendo no mesmo período uma descida acentuada do preço do petróleo que foi um dos pontos de partida para o estado atual do país.