O surto de COVID-19 no continente Africano

Anadolu Agency

Aquando da exponencial lastração da pandemia do COVID-19 no mundo, o continente Africano permaneceu sem casos, levantando até a hipótese, por parte dos populares, que a pele negra seria resistente ao coronavírus - premissa que foi rapidamente desaprovada pelos cientistas. Só passadas algumas semanas, os primeiros casos de COVID-19 surgiram em África, o 1º surgiu na África do Sul.

Tendo em conta a atual conjuntura política, económica e sanitária da vasta maioria dos países Africanos, poderão estes, combater este novo coronavírus de forma tão eficaz como as grandes potências? Os especialistas acreditam que a luta contra o COVID-19 em África será deveras mais difícil do que nos outros continentes.

Esta dificuldade surge, não só porque África apresenta um alto risco de disseminação de epidemias tendo em vista as condições precárias dos hospitais e de centros de saúde, como também pela mentalidade dos residentes, que dificilmente acatarão as medidas de isolamento social.

Vários países Africanos já anunciaram Estado de Emergência, tendo como consequência economias paradas, postos de trabalho em perigo e a miséria à espreita. A OMS (Organização Mundial de Saúde) tem prestado auxílio aos governantes africanos com o envio de testes, máscaras e proteção médica. A OMS apelou ao bom senso dos Africanos, pedindo que estes acatem as medidas tomadas pelos governos. O que se espera, é que a situação atual de países como os EUA e Itália sensibilizem os habitantes. Também o departamento de saúde da União Africana têm tido participação ativa neste combate.

No inicio do mês corrente, dois médicos Franceses propuseram, num programa de televisão Francesa, que a vacina para combater o COVID-19 fosse testada em África. Esta afirmação não só pressupõe que os habitantes Africanos não sejam seres humanos como os outros, ao ponto de servirem como cobaias laboratoriais, como mostra também a xenofobia e racismo institucional que reside na mente dos ocidentais. Africa is not a testing lab.

Este comentário foi alvo de grande repudia nas redes sociais, levando a OMS a publicar uma declaração a contestá-lo. Os dois médicos Franceses rapidamente vieram a público desculpar-se.

Em suma, espera-se que os governantes Africanos coloquem os seus interesses pessoais de lado enquanto uma pandemia percorre a alta velocidade os seus territórios. Aos habitantes, pede-se prudência e cautela no decorrer deste isolamento quase global. 

Referências 

WHO (2020). African countries move from COVID-19 readiness to response as many confirm cases. Obtido de: https://www.bing.com/search?q=cases+of+covid19+in+africa&form=EDGEAR&qs=PF&cvid=470c2ac37bda4a6bb60abd80c2f27f43&cc=PT&setlang=pt-PT&plvar=0&PC=ASTS

CNN (2020). French doctors' proposal to test Covid-19 treatment in Africa slammed as 'colonial mentality. Obtido de: https://edition.cnn.com/2020/04/07/africa/french-doctors-africa-covid-19-intl/index.html